sábado, 1 de junho de 2013

O que passou morreu. Eu penetro.

         
             Pensando em complexidades, a penetração talvez seja uma engrenagem difícil de aceitar e compreender. Por vezes, muitas vezes, não permitimos que o conhecimento, as pessoas e as ideias penetram em nós e nos mitifiquem o pensamento. Quando nossas veias já estão cheias de entorpecentes e nosso corpo esperando a porra, deixamo-nos concordar com o que não acreditamos. Penetramos nossa voz no desempenho inócuo de hipotenusas, monalisas e mozarts, sem ao menos ter coragem de alçar voos de frango. Onde estão minhas qualidades? Canetas não dizem nada senão o que os olhos veem e o coração ainda não sentiu. Ou sentiu? Tanto faz. O objeto que me ilumina não é psicótico e não lhe cabem perdões ou conversas baratas de ventilador; somente o que se vive, se sente. Cigarros, ampolas e drágeas não se importam com crenças e pertencimentos. E quanto a enlouquecer, correr é melhor do que se controlar. Aliás, muito melhor do que receber de presente a perda do tempo. Pareço não mais estar em mim, estar aqui, estar na complexidade do que exacerba minha penetração. Porque decisões nem são mais importantes assim; o que importa, de fato, é tragar, jogar-se, deitar com as exceções, entender as regras da desumanidade, subir escadas e nunca penetrar papos furados sobre o que me penetra e alucina meus começos.