segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Virgem...

[Em homenagem à Selminha, a mulher do meu coração]

[11h22]

Não sou o que estou. Eu me transformei no que sou.


Transformo-me a cada dia que me entrego à escravização do gozo ilimitado, o qual, confesso: adoro.


Gosto do prazer despreocupado com sentimentalismos farisaicos.
Gosto desse carinho interesseiro, dessa atração avassaladora sem precedentes, dos artifícios baratos usados no jogo do envolvimento.
Gosto de curtir o momento, gosto de me enganar com mil promessas de 'até amanhã' que nunca se cumprem.
Como um bom geminiano, gosto de me prender aos meus pensamentos, mas gosto ainda mais de me sentir livre dos que me têm.
Gosto dos olhares secos de tesão, da maneira resistente de conter o coração numa hora tão envolvente e penetrante, dos atentados ao próprio corpo.
Gosto da sutileza violenta com a qual deixamos claro que não queremos nada a mais, e da violência sutil com que nos autoflagelamos ao admitir isso.
Gosto de brincar com o perigoso, de entrar em portas fechadas, de continuar na sala escura. Gosto de me vender pelo preço que não cobro.


Sou o que estou. Gosto do gosto de estar como estou. De estar o que sou.




[12h12]