Ultimamente tenho estado tão confuso com relação aos meus
sentimentos... Nem sei ao certo se penso, se deito ou se me alimento. E isso me
traz à memória tempos e homens pelos quais chorei. A coragem já não mais faz
parte dos meus dias e sou consumido pelas leis que detesto seguir. Como
entender os dias gris em que fico sozinho a refletir o porquê dessa solidão?
Prefiro correr de mim mesmo e me lançar àqueles que não são meus nem do meu
coração. Cantar para extirpar o que me toma é o melhor ou o mais absurdo que
posso fazer nessa madrugada parecida com um fim de tarde de domingo. Daí, fico
vagando nas lembranças dos homens, os quais já possuíram o que há de mais
valioso em mim: os carinhos que dava sorrindo. Dói-me essa passividade diante
de lutar pelo que quero e por quem, de fato, quero. Agora que me interesso por
uma pessoa fantástica, de rosto lindo e marcante, olhar penetrante, boca
macia... Um colega me diz que está interessado também... Sei que é puro ego. E
não tive capacidade de me impor e falar que essa paixão é minha por direito.
Anulo-me e deixo as coisas acontecerem, visando somente à satisfação do desejo
alheio. Queria tanto dizê-lo que bastaria me olhar do jeito que só ele sabe
olhar e eu me derreteria em seus braços. Mas a única frase que falarei no
próximo e inevitável encontro é: pode ir, mas não me tire o prazer de estar em
seus laços. Oportunidades de conhecer ou reencontrar outros não faltam, porém
não adiantaria ceder a esses quereres que a lugar algum me levarão, senão ao
hades de não ter aquele que almejava estar ao seu lado. Diante disso, não
choro, porque o Cleyton que escreve estas linhas de desabafo aprendeu a ser
amado, mesmo que por ele mesmo – entrelinhas e sons a esmo. Não tive coragem
para separar esse texto em parágrafos, pois separar-nos seria matar meus sonhos
e a realidade diária de vê-lo mais uma vez, com promessas de encontros futuros
– algo nada profissional, mas “amigável” (a palavra que não queria ouvir de
seus lábios: amigo), que sei que não acontecerá. Promessas não cumpridas parece
chegarem a mim como rotina de dias infindos, nos quais escrevo sem saber se
irei me encontrar. Fico assim, na marosidade das 3h30 sem ter; querendo, sem
parar; vivendo, parecendo não respirar; fumando, não deixando de tragar;
desejando, sem enfim amar.