quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Desenrolando...

[00:03 AM] 06/01/2009
[desabafos de um enrolado]

Estou farto do desenrolar da minha vida. E o pior é quando lembro que o culpado disso tudo sou eu. Culpado pelas escolhas erradas, culpado pelos amores não vividos, culpado pela repressão ao meu próprio eu. Sentir que a vida é efêmera e que o comodismo é o vilão por alguns anos perdidos sem aproveitar o melhor da vida. Estar mais preocupado com a felicidade alheia em me ver bem aos seus olhos e despreocupado com a forma com que meu corpo e minha mente reagirão quando descobrirem que viveram vinte anos de engano, recatados e fadados a existirem sem a real satisfação dos prazeres terrenos. Colocando-me em seus lugares, não creio que aguentaria esta crueldade do meu eu comigo mesmo.
Estou farto do desenrolar da minha vida. Relembrar tudo que vivi, me auto-flagelando por fazer o que achava certo. É no mínimo contraditório. Este dualismo fez parte de mim por muito tempo, entranhado em todas as partes do meu corpo. Minha boca só beijava pessoas não desejadas, minhas mãos só tocavam rostos politicamente corretos. E o que falar da pele? Melhor não comentar, pois mergulhar num passado imóvel e frustrante é como voltar ao coma.
Estou farto do desenrolar da minha vida. Só eu posso mudar o que está estagnado. Não preciso virar a mesa do jogo, basta trocar de posição. Sair da passividade mórbida da defesa e entrar com tudo no ataque. Dominar o jogo. Esta tarefa cabe a mim. Árdua, porém gratificante.Ver que já não mais estou entregue ao meio e não sou apenas seu produto. Sou alguém que consegue fazer do meio o seu meio, o meu meio.
Estou farto do desenrolar da minha vida. Descansarei pois, agora, no meu próprio cansaço. Ele me fará renascer vigoroso e com esperanças que dias melhores virão. Fará reaparecer os sentimentos escondidos. Rejuvenescer os antigos desejos. Afirmar os amores já vividos, porém negados.

[00:46 AM]

Um comentário:

  1. Este dualismo às vezes parece regra. Mas, estar "farto do desenrolar da vida" já significa uma melódica exceção às imposições das horas.
    Nunca é tarde pra buscar a intensidade, e nunca será demais passar aqui e apreciar tuas crônicas.
    Ps: Alguns trechos me remeteram à canção "Non, Je Ne Regrete Rien", da Edith Piaf.

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